César Ubaldo é um feirense que na adolescência foi um grande ativista cultural, poeta, envolvido com as produções teatrais da cidade, e sempre com postura política própria, já escrevia e participou de praticamente todos os movimentos de ordem artísticas e culturais que foram iniciados nestas plagas, senão internamente e pessoalmente, sempre como um crítico bem humorado, pois estava constantemente bem informado, de modo que via as várias faces dos fatos que nos eram apresentados, não é à-toa que escolheu a carreira de professor, pois para ensinar é fundamental ter uma boa visão crítica, pois assim possibilita a dinamização das discussões acadêmicas oferecendo dados para a polemização e o aprendizado, o que a bem da verdade sempre foi um dom do nosso novo colunista, por todas estas razões e mais por suas virtudes como intelectual, César Ubaldo não poderia ficar longe e, muito menos fora do Viva Feira, razão pela qual o site está tendo o prazer de publicar, periódico e sistematicamente, de acordo com seu juízo (é claro), esta coluna que vai somar e enriquecer a discussão cultural e acadêmica no Viva Feira.
(VIVA FEIRA 2010)
OFICINA DE OUTUBRO
Na oficina de outubro
construo os meus versos,
componho canções,
alimento amores,
expurgo temores
e banho-me de luz.
Na oficina de outubro
encontro-me
e teço,dias e noites,
o que não se deseja mais:
a paz!...
A oficina de outubro
é a porta de chegada
de mim mesmo
ao meu eu profundo.
Então,retrato o silêncio
em mim
enquanto alimento-me
de sabedoria e divindades...
VÃO DAS ALMAS
Desastre construido pelo homem,
Vão das Almas é inquietude
no lugar em que o vento é lerdo!...
Vão das Almas,
lugar de doação de homens
e crianças sem comunhão
como se vivessem na barca do inferno,
gritam palavras de oração
sem ouvintes à audição
e a oração faminta de crianças.
-Vão das Almas...
gritam mulheres de dores,
das dores Marias,Joanas,Cristinas
que se vão nas almas correntes
das almas do medo,
das águas das almas
sem lágrimas,sem risos,sem luto,
sem pão
no vazio das almas vazias
no vão das almas
em maldição!...
MINIMALISTAS:
NO FIO DA VIDA
Devemos viver
com retidão.
Afastar-nos
dos trilhos
é evitar o óbito...
REFLEXOS
O espelho reflete,
a alma sorri
e faz pose...
CONFLITOS
Nada se dirá sobre homens
comuns.
Sobre os grandiosos, tudo
se dirá,
inclusive mentiras...
HOCUS POCUS
Vi,
o que séculos não verão:
o vento engravidando
a rosa matinal...
OUTROS POEMAS
MULHER
O seu rosto se apresenta
como versos que saem
da alma,
como luz que adentra
o peito,
nos abraça e, acalma...
VIDAS SECAS
Ainda há homens e bichos
vestidos de peles,
carregando ossos,
corpos sem sustentação.
Sina de sol, cena de dor,
lamentos noturnos
em meio aos cactos
em busca de água,
sombra de vida
sem perdão...
SOBRE NÓS
Se folhearmos as páginas
do dia-a-dia
não encontraremos mofo nos versos
de nossa morada
mas, ainda assim,fecharemos a porta
à presença da insolência a solta.
Se nossas almas forem reflexos
de coisas inquietas ou quietas
não alimentaremos mentiras
e nossos corpos responderão
em êxtase, e de forma tal,
que dos escombros do que fora
visto
ressurgirá a palavra...verdade.
PALHAÇOS
PALHAÇOS ERAM TRÊS,
COLANDO NOSSOS CÉREBROS,
CALANDO NOSSOS CORAÇÕES
COM LÁGRIMAS COMO NEBLINA
COM VIRTUDES MUITO OCAS
NO PALCO-PORTO DA DOR.
COM AS BOCAS SELADAS
E UM RISO MORTO NOS PULMÕES.
PALHAÇOS ERAM DOIS,
COM UMA FERIDA IRADA
NOS OLHOS,PEDRAS DE SANGUE
CHOVENDO MANHÃS
SEM LUZ,SEM ECOS...
PALHAÇO SÓ.FICOU
COM RISO FEITO CICATRIZ DE MEDO,
SEM VOZ,ESCUDO E APELO
TALVEZ SENDO O VERSO,
CERTO ESPANTO DOS CASAIS,
CAMINHANDO SOB AS LUZES DE GÁS NEON...
COM A PALAVRA CÉZAR UBALDO
BRASIL NEFASTO
Publicado em: 05/07/2016 - 16:07:30
Passei um tempo, depois de algum tempo, pensando entre o escrever ou não escrever algo sobre política. Não, a Politica como Ciência; mas, sobre a politicagem que se estabeleceu no Brasil, com políticos, Instituições jurídicas, empresários e mais, todos envolvidos em processos diversos de corrupção, ao lado da venalidade, como se o nosso território fosse um grande chiqueiro, o que entristece todo e qualquer brasileiro que tenha o mínimo de caráter.
O Brasil é um país ímpar desde a sua descoberta e criação como Estado, e isso por exemplo de uma República podre, com todos os vícios, como se fosse um cartel de entorpecentes distribuindo drogas para todo o povo brasileiro, seja através de golpes militares, como já ocorreu, seja como o golpe branco de agora, elevando à condição de interinidade um político também cheio de processos, mas tendo o apoio da grande mídia e de parte do judiciário para fazer um trampolim até 2018 quando de qualquer jeito elegerão o Neves como presidente da República para a satisfação de um caduco FHC, que muito pouco fez quando presidente.
O Brasil é um país estranho nas suas concepções de Direito, de visão de mundo, de ideal de sociedade e, quando imaginamos que estamos avançando em termos sociais, a elite assustada esquematiza o golpe, afasta do poder a presidente eleita por vontade popular e coloca um indivíduo, um politico não menos viciado com outros tantos para administrar a vida de milhões de brasileiro, até primeiro de janeiro de 2019,isso porque todas as cartas já estão marcadas para o impedimento definitivo de Dilma, mesmo havendo uma série de comprovações, até mesmo de auditores do Senado de que o que ela cometeu não pode ser classificado como crime de Responsabilidade Fiscal.
E vamos retrocedendo com o uso da força militar, quiçá de assassinatos, prisões questionáveis, outras legais e, ao lado dessa realidade, a ocultação judicial dos criminosos, corruptos de outros tantos partidos, demonstrando que a cegueira da justiça brasileira se detém a um olho, apenas..
Quando estudamos Etnografia, encontramos uma divisão social "interessante": o gripo do eu e o grupo do outro. O grupo do eu é o que simboliza todos aqueles que detêm o poder, dominam todas as instituições dentro de uma Superestrutura, ou Estado, enquanto o grupo do outro,é a parte onde se encontram os componentes da sociedade dos invisíveis, os homens e mulheres que efetivamente trabalham para por as cidades do país em dimensões de progresso, de desenvolvimento, enriquecendo cada dia mais os homens que controlam a Rede de Poder.
Hoje, vemos através da mídia televisiva e lemos nas revistas e jornais, fatos e mentiras, uma e outra com aval de quem deveria estar de um ou de outro lado, absorvendo apenas os interesses da nação e, não, os pessoais. A República da banana deve ir para o plural: Repúblicas das bananas que socialmente tem muito pouco a oferecer agora para uma parcela gigantesca da população que sempre teve os seus direitos cassados pelos interesses do direito dos que fazem parte do grupo do eu, sem que verdadeiramente haja o Direito dentro do Brasil..