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"BOM PRÁ TUDO" – O PRIMEIRO PORRE

DA SÉRIE : VERDADES E MENTIRAS SOBRE FEIRA DE SANTANA
Publicado em: 03/01/2024 - 00:01:02
Fonte: Emanoel Freitas


    Lembranças que na verdade são reminiscências, mas geralmente nos parecem completas em virtude da ausência de alguns elementos do cotidiano, que ficam no plano do inconsciente e, por isso mesmo, não detectamos que existiram, mas que, no entanto, afloram aos pouco na medida que a memória nos devolve fragmentos que vamos remontando a nossa história e de todos que estão a nossa volta.
    Na verdade, mudam apenas os graus de embaraços diante do novo comportamento de um mundo cheio de novidades influenciadas pelas novas tecnologias. Avançamos tanto, que até os velhos jornais diários impressos se tornaram raridades. Os blogueiros e os sites proliferam e a febre pelo desenvolvimento desenfreado continua na ordem do dia. Já falam que daqui a não sei quanto tempo, Feira terá 5 milhões de habitantes e os vários distritos e algumas cidades circunvizinhas vão fazer parte da área urbana desta grande e gloriosa cidade do futuro, sem nenhuma avaliação séria deste sonho, que a rigor da verdade, é mais que um terrível pesadelo. Vejam a qualidade de vida da maioria dos trabalhadores paulistanos, ou como vivem as pessoas nos subúrbio de Tokyo, e decidam se é realmente é isso que queremos para nosso futuro.
    Lembro que em uma Feira de Ciências no Colégio Stº Antônio, meu grupo apresentou como trabalho um “rádio de galena”, ou seja, a primeira versão de um receptor de rádio criado pelo homem, que nem mesmo energia elétrica usava para funcionar. Era composto de uma bobina, um seletor de canais bastante primário, um cristal de galena (que podia ser substituído por um díodo de cristal) e uma antena de vinte (20) metros. Para ouvir, precisávamos de fones de ouvido e as transmissões nos chegavam com bastante chiados, mas que, quando criado, após o telégrafo, representou um significado avanço tecnológico à época, afinal, não necessitava de um fio condutor como o comunicador que lhe antecedeu. Achávamos que tínhamos naquela época um avanço espantoso e, depois disso surgiram tantas novidades, que até mesmo as rádios com transmissão em frequência modulada (FM) viraram coisa do passado. Hoje só falamos em transmissões em HD, conexões em wireless, viagens espaciais e sonhamos em viver em “megalópoles”(é claro que nem todos pensam assim). O desejo de consumir é incontrolável e a qualidade de vida passou a ser um conceito pessoal (Deus nos ajude).
    Especialistas dedicam-se a criar objetos para torná-los desejos e consumi-los. A alimentação já vem envenenada de fábrica. A televisão e a internet estabelecem o que é politicamente correto, ou incorreto. Conceitos mudam sem uma explicação lógica, mas se pesquisarmos a fundo, e com responsabilidade, verificaremos que a cada mudança apregoada pelos canais de comunicação, hoje, tão populares, tem sempre algum grupo econômico lucrando com a manipulação a que somos submetidos.
    Antigamente, a comida era bem mais natural, boa parte produzida em nossos quintais e nas vizinhanças. As bebidas mais refinadas eram raras e cultivávamos as nossas próprias beberagens. Imaginem que em Feira tínhamos alguns alambiques e, até algumas fábricas de aguardentes, como a “Saborosa” e o "Jacaré", muito populares em toda região e, era cultivada pelos donos das “vendas” (bares), com ervas locais, como hortelã, erva doce e muitas raízes e cascas de árvores. Não posso me esquecer do meu primeiro porre, com tenros doze anos, com uma aguardente curtida em uma casca de árvore que lhe conferia o nome de "bom prá tudo", chamada ainda mais intimamente de "prá tudo". Afirmei que estava gripando e alguém (um de meus amigos, irresponsável como eu) recomendou, toma um dose de "bom prá tudo" que a gripe não pega. Bom... o resultado foi uma bebedeira de sair caindo pelos cantos da rua até chegar em casa com ajuda dos amigos. A ressaca ficou por conta de castigos durante algum tempo, para não repetir a aventura que na verdade estava mal começando.
    Bons tempos aqueles nos quais este hábito secular, o uso da bebida alcoólica, era o pior dos males (ainda continua sendo, matando muita gente). Hoje são tantos os males que nós não sabemos mais precisar qual é o pior. Se afirmam que Santos Dumont morreu amargurado por ver seu invento transformado em uma arma de guerra, imagine o inventor da moto, que veria seu invento transformado em uma máquina de guerra mesmo em tempos de paz(?). E todos os pesquisadores de épocas mais recentes, o que sentiriam, vendo a transformação de produtos químicos que deveriam ser objeto para cura de doenças, transformados em drogas que matam mais rápido do que o álcool, que depois de inutilizarem o usuário ainda os desmoralizam?
    As lições não são aprendidas corretamente. Feira de Santana é realmente uma cidade destinada a prosperidade e ao desenvolvimento, por uma série de fatores, mas antes de pretendermos nos tornar uma megalópole, vamos pensar na qualidade de vida do cidadão que vive hoje em Feira, melhorando a educação, a saúde e a segurança, para que possamos usufruir do torrão onde vivemos, como já foi em outros tempos, quando o pior que nos podia acontecer era levar uma carreira do "Capelão", e chegar em casa com tremedeira (mas isto é outra história que qualquer dia eu conto)
    Bons tempos também eram aqueles nos quais era comum nas ruas, à noite, voltando de alguma festa ou reunião, ser abordado por um dos jipes da polícia (haviam sempre, no mínimo, uns dois pliciais, um deles era do "Capelão"), que normalmente perguntava o que estávamos fazendo aquela hora na rua e, em seguida: "é filho filho de quem?"; depois de darmos as informações, normalmente éramos dispensado para seguir caminho. Se fosse menor de idade sofria a ameaça de que seu pai ia tomar conhecimento de suas andanças noturnas. Bons tempos aqueles nos quais a grande ameaça era um porre de "bom prá tudo"!



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