Emoção e saudade foram os sentimentos que fizeram do culto ecumênico em memória dos estudantes Carolina do Amor Divino, Cíntia França, Jares Medeiros, Marcos Oliveira e Raony Chaves um momento de comunhão e conforto para familiares, amigos, professores e colegas dos pesquisadores. Os alunos faziam parte do programa de Pós-graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais da Universidade Estadual de Feira de Santana (Proficiamb/Uefs). Estiveram presentes no encontro a reitora Amali Mussi, a vice-reitora, Eva Carvalho, a chefe de gabinete Taíse Bomfim, pró-reitores e chefes de unidades da Uefs.
O evento realizado na última sexta-feira (16) no campus da Uefs reuniu representantes das religiões católica, evangélica, espírita e do candomblé. 'O culto ecumênico buscou respeitar a diversidade dos cinco mestrandos. Eles representavam a diversidade religiosa, de cor e de gênero e ainda assim dialogavam e eram muito amigos. Estavam muito felizes com a realização do mestrado. Infelizmente, o tempo deles chegou ao fim', disse a coordenadora do Proficiamb/Uefs, professora Marjorie Nolasco.
Os momentos de reflexão religiosa foram conduzidos por Márcia Joelma Ferreira, do catolicismo, Márcio Campos, também docente da Uefs, da doutrina espírita, do Babalorixá Beto de Ogun, do candomblé, e do pastor Silas Ribeiro de Souza, da religião evangélica. Katia Quelle Rocha interpretou a canção “A vida é um rio”. Ao final do encontro, a professora Joselisa Chaves homenageou Carolina, Cíntia, Jares, Marcos e Raony.
Para a professora Marjorie Nolasco, o culto foi uma oportunidade para os alunos do Proficiamb, vindos de várias cidades do estado, se fortalecerem e para as famílias das vítimas conhecerem e se aproximarem um pouco mais da Uefs. 'A gente pode mostrar para as famílias que a universidade é o espaço delas também, que os filhos delas gostavam por um bom motivo. As pessoas fazem a universidade e a universidade tem que se importar com elas', afirmou.
O luto e as experiências individuais
Para a professora do curso de Psicologia da Uefs, Juliana Brito, o culto ecumênico foi importante porque pode ajudar amigos e familiares a compreenderem as perdas que estão enfrentando. Ela esclarece que o luto ocorre quando um vínculo afetivo é rompido. 'O luto é uma vivência subjetiva que tem relação com rompimentos e não apenas com a morte de um ente. Pode estar relacionado, por exemplo, a perda de um emprego ou de um pet ou a descoberta de uma doença. É algo de vivência subjetiva. É preciso dar espaço para esse sentimento e para essas vivências'.
A docente ainda explicou que de acordo com estudos o processo de luto tem cinco fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. 'Apesar dessas fases, o luto não é linear e não ocorre, necessariamente, seguindo essas etapas. Cada um lida com a morte de forma diferente e é preciso levar em consideração diversas questões. Quando a ruptura ocorre, por exemplo, de forma abrupta há uma potencialização dos sentimentos, o que dificulta o acesso às fases do luto'.
Outro ponto que a professora destaca é em relação ao tempo de vivência do luto e quando as pessoas que passaram por perdas devem procurar ajuda de um profissional. 'O luto prolongado não quer dizer que tem algum problema patológico. Têm pessoas que com uma semana tem uma elaboração funcional do luto que permite que elas retomem as atividades do cotidiano. Os prazos são muito subjetivos e só um profissional pode avaliar e ver o caráter de complicação dessa experiência', explicou.