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LEMBRANDO FRED (16.10.1970 - 14.6.1992)*


Publicado em: 2009 - 18:06:07
Fonte: Maria da Conceição de Oliveira Lopes


Nascemos, de parto natural, ou não, não para viver eternamente, uma vez que somos mortais. Presenteados com um valioso tesouro - a VIDA -, tornamo-nos então responsáveis por dedicar-lhe cuidados plenos. Alegre, saudável, venturosa, assim a desejamos. Dar sentido a nossa existência justificará esforço incessante em razão de um viver em plenitude.   

Na infância, é como se habitássemos um mundo encantado – espaço somente para divertimento, felicidade. Nada que tire o sono, seja contrário às brincadeiras em parques, quintais, com companheiros, presentes ou imaginários, sozinhos, até. Não importa, nossa satisfação será mais, ou menos intensa, mas sempre acontecerá. Passado e futuro não nos interessam, o presente é tudo.

De repente, temos que dar adeus ao descompromisso, ao alheamento, que tanto nos preservam de inquietações. Não mais as viagens pelo universo do faz-de-conta, o divertir-se em procurar e ser procurado na contínua movimentação do esconde-esconde. A mecha do cabelo cortado pela vez primeira, a palavra pronunciada, com ou sem clareza, mal começamos a falar, o brinquedo preferido, o sapatinho de lã, entre outras preciosidades, restarão guardados, com muito carinho, no baú de recordações. Nos álbuns, fixada permanecerá a animação das inesquecíveis festas de aniversário, esperadas com incontida ansiedade. Marcos significativos na passagem do tempo. Ah, o tempo!... “muitas felicidades, muitos anos de vida...”. Nem sempre nossos desejos se concretizam!

Na juventude, a vida não mais correrá com a placidez da infância. Tempo, também, de  diversão, é verdade. Mas, chegada é a hora de nos preocuparmos com o amanhã. Vivenciamos, até então, fantasias e aventuras de coloridos desenhos animados, passaremos a protagonizar filmes de muita ação. Julgamo-nos possuidores de um poder invencível – heróis. Acreditamos ter asas em lugar de braços. LIBERDADE, eis o ideal que nos impulsiona para ousados e perigosos voos. (Entre nós, os amargos, os sem-ânimo, os cautelosos, os medrosos, os sem-esperança formam uma pequena parcela). Aleitaram-nos, deram-nos comida na boca, ensinaram-nos a falar, a dar os primeiros passos, a partir desse ponto, andar com os nossos próprios pés impõe-se como grande responsabilidade. Inexperientes ainda, sem muita sabedoria, vemo-nos diante de difíceis escolhas. Temos que dar rumo a nossa vida.

Na velhice, costumamos nos referir, com saudade, aos tempos idos e vividos (Bons tempos aqueles!). Esse não é o momento, apenas, para recordações, mas, também, para aventuras,  descobertas que  não  teriam lugar enquanto nos verdes anos. Não mais a disposição, o vigor físico da criança ou  do jovem, nem por isso, o desinteresse para participar do banquete da vida. Ao temor diante de sua finitude, contrapõe-se o desejo de fazê-la extensa cada vez mais. Às vésperas de comemorar 80 anos, em entrevista para a revista Bravo! 2009, a atriz Fernanda Montenegro presenteia-nos com a lição: “Tornei-me um estranho fenômeno de resistência, como outros de minha idade. Mesmo assim, acho que a pior tragédia é morrer jovem. Não há nada mais triste do que a vida interrompida precocemente.” (o grifo é nosso).

O sentido, e exaltado, clamor do poeta Castro Alves, ainda que condenado à morte por uma doença incurável (que o impedia de ter uma vida pretendida aos vinte e poucos anos), expressa muito bem o desejo que, normalmente, anima o ser humano: “Oh, eu quero viver beber perfumes / Na flor silvestre que embalsama os ares; / Ver minha alma adejar pelo infinito / Qual branca vela n’amplidão dos mares. (...) Morrer...quando este mundo é um paraíso / E a alma um cisne de douradas plumas... (...) E eu morro, ó Deus! na aurora da existência / Quando a sede e o desejo em nós palpita...” (in “Mocidade e morte”).

 

“Que está acontecendo?” - A indagação de Fred, diante do que via o seu olhar azul – com que contemplava o mundo ao seu redor -, sugere grande surpresa. Certamente, não estava entendendo por que a festa de sua vida perdia, de relance, os sons, as luzes e as cores em que estivera mergulhada até aquele  instante. Partiu... sem resposta!

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*Uma homenagem de Maria da Conceição de Oliveira Lopes ao seu filho Frederico Augusto Oliveira Lopes/FRED.

 

 

                                                    

 



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