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UM TIPO INESQUECÍVEL

7/2015
Publicado em: 13/02-2015 - 18:02:38
Fonte: Hugo Navarro / Folha do Norte


    Pessoas geralmente guardam, na lembrança, tipos inesquecíveis. As comunidades também  possuem esses tipos. Em Feira de Santana há diversos. Um deles é Minervino Ferreira Cruz  (Pepeu), de tantas e singulares aventuras, fruto  de duas das muitas faces de Feira de Santana, que o tempo consumiu: o comércio do ouro e a jogatina.
    Feira foi importante centro do comércio do ouro e da fabricação de jóias, numa época em que abrigava centenas de ourives. Os últimos representantes da classe, já empobrecida,  estabeleceram-se no antigo Beco dos Velhacos, salvo Zé Licuri, que sobreviveu, durante muito tempo, na Rua Sales Barbosa, e Argemiro Ourives, na Praça Bernardino Bahia. Diziam que Pepeu foi o causador da decadência do nosso próspero comércio de jóias quando introduziu, no mercado, o “ouro de Feira”, latão banhado, vendido como ouro de 18 quilates, e vidro lapidado, com tinta de espelho na base.
    Pepeu, alto, magro, sempre de paletó e gravata, ágil, mãos nervosas de unhas roídas até o sabugo, nunca bebeu, mas fumava charutos, que davam João Marinho Falcão e outras personalidades da terra.
    Assim como o negócio e a indústria dos metais preciosos, o jogo teve grande importância na formação de Feira. O Jogo e outros vícios. A cidade, nascida, por acaso, na estrada de tropas que fazia a ligação entre a Cachoeira e os sertões (a atual Rua Conselheiro Franco), ponto de descanso de animais e tropeiros, as longas noites de espera de outro dia de estrada fizeram surgir rudimentares hospedarias e básico, mas eficiente sistema masculino da diversão: bebida, mulheres e baralhos.
    O jogo empolgou grande parte da história de Feira, comunidade que durante muitos anos não conheceu variados mecanismos de lazer.  Dizia-se que na conta do armazém do Intendente Ábdon Abreu o item que mais pesava era o da compra de velas, que iluminavam noites de jogatina.
    O último bastião do jogo, como passatempo, foi a “25 de Março”, inexpugnável e sólido, que reunia, diariamente, pessoas de destaque e de dinheiro para jogar. Era forte o suficiente para atrair jovens que imaginavam que jogar na “25”  dava status.
    Pepeu era do ramo proletário do jogo.  Frequentava a “25”, mas para pegar algumas  “vacas”. Certo dia, ainda moço, estava numa tasca de jogo, na Ladeira da Independência, em Salvador, quando chegou a polícia. Todo mundo preso. Pepeu lançou-se a um canto, chorando, arrancando os cabelos e gritando: meu pai, que vergonha para meu pai! Um investigador, preocupado, quis saber quem era o pai e Pepeu respondeu, entre lágrimas e gritos: O desembargador Filinto Bastos. Recebeu conselhos,  que tivesse juízo, não voltasse àquele antro e foi solto. Divertiu-se, na Rua Chile, vendo os companheiros de batota desfilar, em direção à Secretaria de Segurança, carregando, na cabeça, as mesas do jogo.



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