Chegou outro sábado e todos já estavam esperando o programa da rádio Quionda, e a audiência cada semana aumentava mais.
LOCUTOR:
- Bom dia Perebinha, vai contar o que hoje?
PEREBINHA
- Olá seu Heitor e ouvintes! Hoje vou contar que eu fui numa padaria na capital com meu pai.
O LOCUTOR:
- Legal, a padaria de capital vende muitas coisas?
PEREBINHA
- Logo na chegada teve uma coisa que eu não entendi. Na padaria tem bicho que pega de noite? A moça que estava no balcão pegou na mão de painho e disse que de noite o bicho ia pegar. Ele passou uma mão na outra, parecendo que estava lavando.
O LOCUTOR:
- Não entendi também, mas não pergunte ao seu pai, pois o bicho pode ser perigoso e ele não vai gostar. O que você viu mais? Essas padarias grandes vendem de tudo nas capitais.
PEREBINHA
- Meu pai perguntou que pão tinha, e a mulher disse: Pão caseiro, de queijo, recheado, de leite, doce, de milho, dormido, caseirinho, cacetinho, baguete e pão de corno? O que é pão de corno? E pão dormido?
O LOCUTOR:
- Deixe de ser doido. O nome é pão de forno. A pão dormido é o que ficou do outro dia, e serve para fazer farinha de rosca e empanados.
PEREBINHA
- Legal que você sabe muita coisa de pão. Parece que meu pai já conhecia aquela mulher da padaria. Ela perguntou se meu pai queria experimentar uma rosquinha e tirar o atraso. Rosquinha e atraso?
O LOCUTOR:
- Sei lá o que é isso! Muda de assunto, o povo está ouvindo a gente. O que ele comprou na padaria?
PEREBINHA
- A rosquinha ficou para de noite. Comprou pão cacetinho e caldo de pinto. Lá vende tudo.
O LOCUTOR:
- Eita menino, muitas dessas comidas não conheço. Na padaria vende até gás, O que ele comprou mais?
PEREBINHA
- Ele comprou dois cuscuzes e dois cafezes. O senhor sabe o que o tomate foi fazer no banco?
O LOCUTOR:
- Os nomes seriam cuscuz e café mesmo. O tomate foi fazer o quê no banco? Ficou pirado?
PEREBINHA
- O tomate foi pegar o extrato, seu bobo. A mulher chamava meu pai de treiteiro e cara de pau.
O LOCUTOR:
- Deve ser doidice dos dois. Não ligue. Esse negócio de seu pai com a vendedora só ele pode explicar.
PEREBINHA
- Ela terminou dizendo: thau cachorrão. Locutor, eu posso lhe chamar de cachorrão? Meu tio de lá disse para meu pai ter cuidado com essas mulheres perdidas, porque essas são as mais procuradas.
O LOCUTOR:
- Não me chame de cachorrão de jeito nenhum. Cachorro só é amigo porque não sabe o que é dinheiro. Seu tio tem razão. Por hoje é só! Thau pessoal!
--------------------------------------------------------------
Texto do livro – Rapsódia de Perebinha na Rádio Quionda - ISBN 978-65-86453-00-3
(Sempre teremos novas peripécias de Perebinha nesta coluna)