Os conservadores consideram a união homoafetiva como uma transgressão contra Deus, a partir daí edificam-se o ódio, as perseguições, os xingamentos, o preconceito, a discriminação, os ataques e os assassinatos de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros. Nesse contexto, eles disseminam que o amor entre as pessoas do mesmo sexo é pervertido, repulsivo, degradante e vergonhoso.
Por conseguinte, caro(a) leitor(a), qual dos dois atributos fazem-nos perder o contato com Deus, o ódio ou o amor? Certamente, você há de convir comigo que é o ódio. Sendo assim, as pessoas cruéis e pecadoras não são as que amam, mas as que disseminam o ódio. Esta é a questão fundamental, porque a realização do amor entre pessoas do mesmo sexo não é o problema, mas o perigo reside na malignidade do preconceito e do ódio. E nós só podemos compreender esta cultura da negação, do desprezo, da censura e da interdição às diversas formas de expressão da sexualidade quando estudamos a história da sexualidade.
Tomemos um exemplo, na Grécia Antiga, a sexualidade era exercida livremente entre os deuses, os heróis e os reis. A partir da disseminação do cristianismo a homossexualidade passou a ser expurgada, perseguida e controlada, bem como o homossexual passou a ser visto como um inimigo da família, da sociedade e do Estado, devendo viver discretamente, isto é, “preso no armário”, sob pena de exílio perpétuo ou linchamento.
Não é minha intenção ofender ninguém, mas é preciso ser muito ignorante e cruel para condenar o amor e ainda usar Deus para sacralizar, legitimar e validar uma miséria dessa. O que mais me impressiona é que as pessoas usam a Bíblia para justificar o combate e a desqualificação da felicidade nos relacionamentos homossexuais, quando o Novo Testamento põe Jesus e seus seguidores como guardiões do bem, da ajustiça, da igualdade, da paz, do perdão, do amor e de valores correlatos. Portanto, pra mim, a Bíblia não pode ser usada como um dispositivo de poder para diabolizar os gays e as lésbicas.