Todos nós mentimos... Seja para agradar a alguém, livrar-se de um problema, ser o herói de alguma aventura, etc. O fato é que a mentira caminha ao lado do homem desde que o mundo é mundo e não dá o menor sinal de perder o fôlego, muito pelo contrário. Há milhares de anos, o filósofo chinês Confúcio recomendava que se apelasse para a mentira apenas quando a verdade prejudicasse uma família ou a nação.
Aristóteles, o famoso pensador grego, só aceitava duas maneiras de mentir: diminuindo ou aumentando uma verdade. O teólogo Santo Agostinho, no século IV, resolveu complicar o assunto descrevendo seis tipos diferentes de mentira: a que prejudica alguém, mas é útil a outro; a que prejudica sem beneficiar ninguém; a que se comete pelo prazer de mentir; a que se conta para divertir alguém; a que leva ao erro religioso; e, finalmente, a que ele considerava a "boa" mentira: a que salva a vida de uma pessoa.
Há uma receita quase infalível para se detectar um mentiroso:
O mentiroso sempre anda em turma, para ter a quem contar as suas mentiras. Na turma, ele é sempre quem fala mais e alto.
O mentiroso nunca está em desvantagem nas suas histórias. É sempre o mocinho de todas elas. O mentiroso sempre começa uma mentira dizendo: “Se eu contar, vocês não vão acreditar”.
O mentiroso não considera nem mesmo os entes mais queridos. Quando ele tem filhos, sempre termina dizendo: “Não quero ver a felicidade dos meus filhos se isso não for verdade”. E quando não os tem, aí quem sofre são os entes desencarnados: “Não quero ver a salvação da alma de minha mãe se isso não for verdade”.
Outro ponto-chave para se detectar um mentiroso, é que em suas narrativas amorosas sempre é ele quem termina um relacionamento: “Aí eu virei para ela e disse que estava tudo acabado”. E os mais cretinos ainda têm a petulância de dizer: “Vi que ela não prestava mais pra mim e mandei pastar”.
Na música popular brasileira, o próprio Rei Roberto não deixou de comentar algo acerca da mentira. Na música “Traumas”, ele escreveu: “Meu pai um dia me falou pra que eu nunca mentisse, mas ele se esqueceu de me dizer a verdade. Agora, eu sei o que o meu pai queria me esconder. Às vezes as mentiras também ajudam a viver”.
Muito bem. O fato é que todos nós mentimos ou escondemos algo de alguém. E a grande alegoria que exemplifica essa afirmativa é a própria cena de um casamento narrada através da leitura do pensamento dos presentes, os quais comparecem ao local sempre com um sorriso nos lábios. Leiamos então alguns pensamentos:
A mãe do noivo: “Não sei o que é que meu filho viu nessa menina. Todo mundo comenta que ela é uma vadia”.
A mãe da noiva: “Minha filha merecia coisa melhor. Sempre achei esse rapaz sem sal e sem açúcar”.
Um dos padrinhos: “Que saco! Não dou um ano pra se separarem”.
Uma ex-namorada do noivo: “Fulano está acabado. Quando estava comigo, tava muito melhor”.
O dono da filmagem: “Será que esse pessoal vai demorar pra me pagar? Dizem que são enrolados”.
Um amigo: “Tomara que termine logo esse lenga lenga. Já tô de bico seco”.
E, finalmente, o Padre: “Ah, Senhor! Daí juízo a quem não tem!”
Aí está. Portanto, se você gosta de fingir ou mentir, fique certo de que isso é muito próprio do humano e tão natural quanto a sua respiração...