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Mães e filhos cangurus


Publicado em: 15/01/2016 - 22:01:20
Fonte: Sandra Campos


 O filhote de canguru ao nascer, com apenas dois centímetros de comprimento, ainda em estágio embrionário, arrasta-se por entre os pelos da mãe até chegar ao marsúpio, bolsa onde fica o mamilo para sua alimentação. Uma vez alojado na bolsa marsupial deverá permanecer lá por cerca de 200 dias, tempo necessário para completar seu desenvolvimento. Após esse período ele começa a se aventurar fora da bolsa, mas sempre a ela retornando diante de algum perigo. Passado um ano ele fica pesado e a mãe tem de expulsá-lo, a fim de que ele adquira independência e sobreviva. E nós, humanos?

Nas décadas de 60 e 70, muitos jovens motivados pelo idealismo desejavam romper com valores estabelecidos pela sociedade, pôr o pé na estrada e se virar sozinhos, em nome do sonho de liberdade e independência. Hoje os jovens já conquistaram a tal liberdade, alguns a independência financeira, mas sair de casa, da comodidade e do conforto da mamãe canguru é algo difícil de abrir mão e muitos nem pensam no assunto, nem se importam de ser meros usufruidores. Alguns não largam a saia da mãe nem depois de casados, outros só cuidarão da própria vida quando a mãe partir, mas tratarão de arranjar alguém canguru para compensar a perda.

Mas porque alguns se agarram à bolsa protetora da mãe, assim como o filhote de canguru? Será a necessidade de prolongar a adolescência? O medo de assumir as responsabilidades da vida adulta? Será por preguiça? Acomodação? Insegurança? Ou será reflexo de uma educação superprotetora, permissiva ou sem limites? Será reflexo do mundo globalizado, individualista ou hedonista? A escritora Tania Zagury trata desse assunto em seu livro “Encurtando a adolescência”.

Mesmo diante da constatação de que muitos jovens ainda se encontram alojados como filhos cangurus, o tempo na bolsa é de suma importância para o amadurecimento humano. Essa bolsa pode ser o lugar onde nascemos e poderá ser necessário, em determinada circunstância, voltar à bolsa para terminar de nascer, como fez José Saramago quando voltou a Azinhaga, uma aldeia de pescadores, em Portugal, o lugar em que ele veio ao mundo. “O berço onde se completou a minha gestação, a bolsa onde o pequeno marsupial se recolheu para fazer da sua pessoa, em bem e talvez em mal, o que só por ela própria, calada, secreta, solitária, poderia ter sido feito.” E você, leitor? Precisa voltar à bolsa para terminar de nascer? Ou já saiu dela?




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