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Presentes de nós dois


Publicado em: 14/05/2015 - 17:05:42
Fonte: Sandra Campos


Aos quatorze anos já era adorável, alegre, comunicativa e bela. Possuía o viço da pele fresca e suave e lábios atraentes capazes de prender o olhar e o coração de um soldado do exército, que nos seus dezoito anos sentiu um bem-estar inexprimível ao vê-la pela primeira vez. Estavam em uma oficina de joias, na cidade de Feira de Santana, Bahia. A moça se chamava Lourdes e o rapaz, Elson. Ele era moreno, elegante, possuía um jeito calmo e um olhar penetrante que a fez corar. Coube ao destino permitir que se encontrassem naquela manhã iluminada pelo amor.

Lourdes, que estava hospedada em casa de sua tia Zabilinha, viera à Feira para participar de um curso de corte e alta costura. Ela nem imaginava que encontraria o amor de sua vida, Elson. Mas nem tudo na vida são flores! Ao apresentá-lo a sua mãe, Inês, Lourdes foi surpreendida com a reprovação do namoro – a mãe o achou moreno demais. Para a tristeza dos dois, Lourdes ficou proibida de voltar à Feira de Santana por um ano, até chegar a uma brilhante ideia: ela pediu a sua prima Mariinha que escrevesse uma carta para sua mãe, informando que Elson tinha ido morar em Salvador. Com isso, ela voltou a frequentar Feira e a reencontrá-lo, mas apenas como paquera, pois ele estava noivo, embora sempre dissesse a Lourdes: “Só me caso se for com você”.

Anos depois, em junho de 1964, numa festa de Santo Antônio, na Igreja dos Capuchinhos, o presente do amor chegou. Eles se encontraram, conversaram e começaram a namorar, naquela época em que romances eram embalados na voz de Nelson Gonçalves, que cantava: “Boemia, aqui me tens de regresso, e suplicante te peço a minha nova inscrição”. É certo que Elson nunca foi um boêmio, mas eu lhes digo como nesta canção: Lourdes floriu o seu caminho de ternura, meiguice e carinho. Compreendeu e o abraçou dizendo a sorrir: “Meu amor, ainda que você parta para rever os seus rios, seus montes, cascatas e abraçar seus amigos leais, me restará o consolo e a alegria de saber que é de mim que você gosta mais”.

Ele havia terminado o namoro-noivado de três anos e meio. A noiva não foi capaz de atar Elson à cauda de seu vestido, pois as garras de Lourdes foram maiores, as garras do seu amor. Elson agiu determinado e ligeiro como um juramento de mulher. Pediu Lourdes em casamento e em setembro já estavam noivos. Ele não estava disposto a conjugar os três infinitos verbos que alguns homens conjugam, citados por Joaquim Manuel de Macedo: “fingir, rir e fugir”. Seus verbos eram outros: iscar, pescar, amar e casar logo, em fevereiro próximo.

A mãe de Lourdes sempre dizia: “Parece o mesmo rapaz”, mas Lourdes dizia que era outro. Ela, após o pedido de casamento, pediu a sua irmã Antonieta que confirmasse que era o mesmo rapaz de anos atrás. Sua mãe chateada resistiu, mas enfim aceitou depois de ouvir que Lourdes estava decidida, pois fora Elson que escolhera para se casar e viver ao lado pelo resto de sua vida. Inês aceitou e com a convivência passou a tratá-lo como um filho. Elson, com seu jeito bom de conviver, cativou toda a família. Não se casaram em fevereiro como ele planejava, mas no dia 15 de maio de 1965, na cidade do Bravo e depois seguiram para a lua de mel num hotel em Salvador.

Não tinham uma casa nova nem mobiliada, mas o essencial lhes acompanhava: amor, companheirismo, vontade, força e garra para construírem a vida juntos. Moraram por dois anos na casa dos pais de Elson. Nesta época trabalharam muito. Lourdes o acompanhou no trabalho, nos sonhos, nos planos dos dois. Foi assim que abriram uma mercearia e por meio dela conseguiram construir a primeira casa. O primeiro filho, Sérgio, já havia nascido. Mesmo com filho pequeno, Lourdes voltou a estudar. Concluiu o Magistério no colégio Gastão Guimarães em 1972. Cinco anos depois nasceu Luciano e, por último, Cíntia.

Hoje comemoram as Bodas de Ouro.  São 50 anos de união. Cinquenta presentes deles dois! Unidos pelo amor e vontade de ficarem juntos até aqui. O amor sobrepôs às diferenças e dificuldades que enfrentaram no trajeto deles dois. O amor, aliado à parceria, ao respeito, ao companheirismo permitiram chegar aos 50 anos e festejar. Elson é calmo, tolerante e discreto. Conversa pouco, observa mais, é sincero. Possui um bom caráter, é amigo e muito trabalhador. Lourdes gosta de festa, é alegre, sempre bela, positiva e solidária. Gosta de conversar e é muito querida por todos, como diz seu primo, Amadeu. Costuma citar frases de efeito, entre elas: “Amor sem ciúme é flor sem perfume. Ganha sempre quem tem as garras maiores. Quero viver um século, se Deus permitir!”.

São três filhos: Sérgio, Luciano e Cíntia, “presentes de nós dois”, e através deles ganharam mais presentes que a vida lhes deu: as noras Fernanda e Karinne e os netos Lucas e Mateus, Enzo e Suri, Thais e Artur. Juntos completam a família que é o tesouro deles dois, a maior riqueza. Eles agradecem a Deus por terem construído uma família abençoada e feliz.

 

Sandra Campos é cronista e prima de Lourdes. Ela agradece a Sérgio, Luciano e Cíntia pelas informações fornecidas sobre o casal.

 




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