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Vamos comer pastel?


Publicado em: 24/04/2015 - 15:04:11
Fonte: Sandra Campos/A Tribuna MT


O que há de mais admirável em mudar de estado dentro do Brasil é isso: o incorporar da cultura e dos costumes, que a gente recebe como se já fossem nossos. Então faço o convite a você, leitor: vamos comer pastel? Aqui no Mato Grosso comer pastel equivale a comer acarajé na Bahia ou comer pão de queijo em Minas Gerais. Mas não é em qualquer lugar que comemos pastel por aqui, tem que ser na feira livre, é muito mais gostoso. Aprendi com Júlio, um amigo que cultiva a simplicidade, capaz de se encantar com pequenos gestos e valorizar as pequenas coisas desta vida. Ele não abre mão de comer o delicioso pastel na feira da Vila Aurora, um tradicional bairro de Rondonópolis.

Na Bahia, vamos à feira para comprar de tudo, até bicicleta usada vende-se lá! Uma fartura de produtos a preços acessíveis a todos os bolsos. Os pais não costumam levar as crianças, são poucos os que as levam e o hábito maior é beber água de coco. Um costume adorável que aprendi com Virgínia e Eli, amigas de infância. Certa vez fui à feira da Estação Nova em Feira de Santana com Virgínia, amiga de inteligência rara e com sua tia Wilma. Me divertia com seu humor perspicaz: “Vamos Wilma, vamos logo comprar a linguiça do velho!” Se referia a uma barraca que vendia uma linguiça deliciosa, feita artesanalmente por um senhor simpático e educado, que aprendeu o ofício com o seu pai e que vendia linguiça ali há 30 anos. Virgínia voltava dizendo: “Pronto, Wilma, já compramos a linguiça do velho!”

Aqui em Rondonópolis costumo encontrar famílias nas feiras, mulheres grávidas e até bebê de colo com seus pais, que desde cedo ensinam seus filhos a irem à feira comer pastel. Os pais também levam as crianças para comerem pamonhas recheadas, doces ou salgadas e tem até apimentadas pra lá de malagueta. Levam para comer bolo gelado, recheado com pedaços de frutas, outro costume daqui, doces de leite ninho, biscoito de polvilho e outras delícias. Levam para se divertir nos brinquedos montados: pula-pula, cama elástica, escorregador gigante, brinquedos sempre presentes em todas as feiras, o que também mostra um cuidado e respeito admiráveis para com a infância, já incorporados na vida do povo deste lugar. A feira faz parte da cultura mato-grossense, assim como o costume de comer pastel.

Rondonópolis, assim rebatizada em 1918, em homenagem a Marechal Rondon, pelo reconhecimento histórico poderia ter sido chamada de Otávio Pitaluga, líder da Comissão Rondon, ou José Rodrigues, o pioneiro goiano, depois dos índios Bororos, que em 1906 veio com a família, trouxe um professor e criou um vilarejo. José Rodrigues foi quem solicitou ao seu amigo Otávio Pitaluga um ponto telegráfico, que impulsionou o desenvolvimento. Uma cidade medida e planejada, cortada por rodovias federais e banhada pelo Rio Vermelho e o Arareau. Hoje uma cidade em franco desenvolvimento, com uma população de 211.718 habitantes e segunda maior economia do estado.

 Uma cidade de vários sotaques, com predominância no jeito de falar com o R retroflexo, típico do dialeto goiano. Povo alegre, acolhedor, tranquilo, sem pressa nem estresse, com exceção de alguns motoristas, ciclistas e motociclistas afoitos ou distraídos; fora estes, quase não ouço as buzinas dos automóveis. Quando o sinal abre, os motoristas esperam o primeiro carro partir sem buzinar, às vezes esperam até o carro da frente estacionar, observam as preferências nas rótulas e a sinalização horizontal. Povo educado e humano, que conversa com você em qualquer lugar, sem o medo nem as neuras presentes em muitas pessoas que moram em grandes metrópoles.

Sempre acreditei que a proximidade do campo torna o indivíduo melhor, o contato com a natureza nos humaniza. Acho que é esse o segredo do rondonopolitano, além do hábito de comer pastel na feira, pois costuma frequentar lugares relaxantes nos finais de semana. Cais do Rio Vermelho, Horto Florestal, Cidade de Pedra, águas quentes, cachoeiras, fazendas, ranchos com pescaria e Chapada dos Guimarães são alguns destes lugares, capazes de refazer qualquer indivíduo e o recolocar no mundo, como de fato deve ser: um ser humano. 




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