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A nova Flor


Publicado em: 09/04/2015 - 09:04:36
Fonte: Sandra Campos/A Tribuna MT


Flor saiu no fim da tarde, antes do sol se por. Saiu a caminhar pelas ruas da cidade, sem rumo certo. Passou por trabalhadores que seguiam sem pressa: a vendedora de pipoca, o casal que empurrava ladeira acima seu carrinho de churros, a garçonete da sorveteria, o bicicleteiro. Todos invisíveis naquele momento para Flor, que cabisbaixa caminhava envolta na angústia de algo que a incomodava. O que seria? Flor parou na ponte sobre o rio Vermelho e ali ficou. Estava de frente para o pôr do sol, mas submersa em seus devaneios, permanecia indiferente a tanta beleza, como quem olha e não vê. O pensamento que a incomodava era este: Flor era gorda e havia sido abandonada pelo noivo por esse motivo. Naquele instante, destroçada por dentro, sentia-se como a flor feia do poema de Carlos Drummond: Uma flor nasceu na rua! ... Uma flor ainda desbotada... Sua cor ainda não se percebe, suas pétalas não se abrem. Seu nome não está nos livros. É feia. Mas é realmente uma flor... É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

O noivo de Flor era um homem egoísta, ficou com ela enquanto lhe era útil. O amor é cego, mas o egoísmo não! Um homem incapaz de perceber beleza e virtude na flor do seu jardim. Outras flores eram mais belas e desejáveis. Havia se passado dez anos, desde que o namoro começou. Num tempo em que Flor era magra, jovem e cheia de vida. Dez anos é muito tempo, daria pra desgastar quatro sofás na casa da mãe de Flor. Sofá não! Isso era no tempo em que os rapazes pediam as moças para namorar e aguardavam a resposta, uma semana, duas, um mês, até dois meses. Hoje é tudo muito rápido, como a internet. Tão rápido quanto descartável.

Antes que o sol se pusesse, um raio de luz iluminou Flor, lhe trouxe esperança e a fez decidir: farei dieta já, não para que ele volte pra mim, não o quero mais! Farei para aumentar minha autoestima e, depois da transformação, ele verá a Flor que perdeu!

Flor passou a ser leitora assídua do assunto, frequentava a banca de revista em busca da dieta perfeita, pois emagrecer era sua missão. Ficou difícil escolher entre tantas dietas que ofereciam milagre a preço do seu sacrifício. A dieta da sopa prometia emagrecer 9 Kg em um mês, a dieta da vitamina D, 5 Kg em duas semanas, com cardápio fácil mais 15 minutos de sol por dia, a dieta sem glúten prometia eliminar 7 kg em um mês, com um cardápio balanceado elaborado por nutricionista. Foi então que Flor procurou ajuda médica, passou por todos os exames necessários e, com remédios moderadores de apetite aliados à dieta alimentar e muito exercício físico, conseguiu perder 30 Kg em seis meses.

Quando saiu pela primeira vez para comprar roupas novas, sentiu uma das maiores alegrias de sua vida ao perceber que podia comprar o que gostasse, não mais o que lhe cabia, quando encontrava. Esse sentimento de inclusão só quem viveu sabe bem. Flor sentia-se incluída, sua alegria era tamanha que se aventurou na sessão de langeris, antes, fruto da imaginação, agora, realidade de uma ex-gordinha.

Flor atingiu seu peso saudável, tornou-se mais confiante e determinada, descobriu que continuará sendo uma flor, entre tantas que um dia murcharão, seu perfume desaparecerá, mas sua beleza não será esquecida e enquanto houver vida, será uma flor com um novo olhar sobre si mesma, pois conseguiu enxergar, pela lente do amor, a beleza antes não vista.




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