Parodiando a lenda amazônica do boto encantador, que à noite saía das águas do rio para engravidar as donzelas, na cidade onde passei a infância tinha um fantasma com essa mania.
Invadia as casas (especialmente os quartos) nas madrugadas, se aproveitando das mocinhas do lugar, que só quando o dia amanhecia percebiam o estrago (?) feito. Toda gravidez inexplicável tinha uma explicação:
“Foi o fantasma tarado.”
Duzinha, a vizinha mais feinha, um dia desabafou com as amigas:
– Durmo pelada, com a janela escancarada, e esse traste desse fantasma jamais deu uma aproveitadazinha sequer de mim. Ou ele é viado ou tenho algo de errado.
Tonhão, o irmão grosseirão, não perdoou:
– Ô, mana, não percebeu ainda que o malandro só ataca moça bonita?! Ele é fantasma, mas não é bobo.
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Tadeu bebia muito.
Com a progressão do alcoolismo, começou a ver um fantasma toda vez que tomava uma carraspana. Um sujeito encrenqueiro e desagradável (sempre vestido de branco, claro), que ficava zoando nos ouvidos do meu amigo, dizendo que ele era adotado, que a namorada estava saindo com outro, que o Bahia jamais seria campeão, essas assombrações.
Um dia eu cheguei com a solução:
– Toma um chá de boldo bem forte, um café bem amargo, Tadeu, que esse fantasma some na hora.
Ficou meu inimigo por um bom tempo.
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Seu Alfredo era viciado em jogo do bicho e acordava todas as manhãs com um palpite. Dizia receber a visita de um fantasma, durante o sono, que cantava as dezenas no seu ouvido. Mal levantava da cama, engolia um café e corria para o ponto onde fazia sua fezinha.
Até que um dia, de tanto insistir e jogar dinheiro fora, acertou um milhar na cabeça e colocou a mão em boa bolada.
Na madrugada seguinte a mulher, Durvalina, foi acordada pelos gritos do marido:
– Nem pensar! Coisa nenhuma! Nem um tostão!
Quis saber o que estava acontecendo e Seu Alfredo, bastante nervoso, explicou:
– O safado do fantasma, imagina, está exigindo metade do que ganhei...
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Saudade dos fantasmas? Acompanhe TV Câmara e TV Senado, fique atento às intervenções dos presidentes das duas Casas: quanta assombração!”