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O OURO DOS FRADES


Publicado em: 06/12/2014 - 14:02:48
Fonte: Hugo Navarro/Folha do Norte


    Volta e meia Feira de Santana torna-se palco de fatos estranhos, extravagantes, misteriosos, que até sumir no tempo vão ganhando contornos surpreendentes, levados pelos exageros populares, causando estupefação e às vezes justas revoltas. Causou espanto e frenesi o caso do “ouro dos frades”, quando pessoas de certo destaque quase derrubam casa da Praça da Matriz com largas e profundas escavações em busca do ouro – um vasto tesouro semelhante ao dos piratas do Caribe – que frades teriam ali enterrado em priscas eras.
    A corrida do ouro atraiu pessoas que largavam “croisé”, colete, calças de flanela, cucos e cartolas para ingentes e quase secretos esforços ao cabo de pá e picareta, a começar do jornalista polemista e temido poeta satírico Cristovam Barreto, que se valeu da condição de afamado antropólogo para mascarar suas atividades, havidas por busca de ossos, cerâmicas, instrumentos e outros traços de índios que aqui teriam vivido desde tempos imemoriais.
    Sem querer falar do “lobisomem da avenida” e de outros fantasmagóricos freqüentadores de nossas ruas, quando chegava a madrugada, lembramos o estranho “caso das caveiras”, escândalo que ultrapassou as fronteiras do pais, liquidou, moralmente, um bando de rapazes da sociedade local e nunca foi devida e completamente esclarecido.
    Outro caso intrigante aconteceu na noite de  5 de dezembro de 2006, quando  irrompeu, na Rua Sales Barbosa, pavoroso incêndio. Apesar de esforços populares e de intenso trabalho dos bombeiros o fogo devorou, rapidamente, quase uma dezena de casas comerciais, causando enormes prejuízos e enchendo a cidade de apreensões.
      A Sales Barbosa, há tempos, vem criando ambiente para sinistro de vastas proporções. Estreita, transformada em calçadão onde não podem circular veículos, atulhada, completamente, de barracas e incrível tralha de vendedores ambulantes, formada de casas geralmente antigas, com precárias instalações elétricas, a qualquer momento poderia, como infelizmente aconteceu, transformar-se em terrível fogueira.
    A polícia, entretanto, descobriu os culpados. Em operação de rotina, quando ouvia conhecidos arrombadores, três deles, sem grande esforço da parte da polícia, confessaram o crime com detalhes rocambolescos e com enorme facilidade. Não possuíam mandato popular, nem eram ladrões da República, mas simples larápios, vagabundos, pés-de-chinelo. Segundo o noticiário, numa rua cheia de vigilantes noturnos e de ambulantes que ali passam a noite a vigiar barracas, os ladrões tentaram arrombar porta de comércio. Não conseguiram. Resolveram, então, atear fogo a tábua e o incêndio se alastrou de forma devastadora. A polícia, surpreendida diante do inesperado, levou os supostos incendiários ao Ministério Público para que confirmassem a estranha confissão, com o ar de quem poderia dizer: achamos o “ouro dos frades!”
    No Brasil de hoje nada surpreende. Não deixaram de causar espanto, contudo, declarações de pessoas de alguma responsabilidade lamentando que a polícia, ao invés de meter os supostos incendiários, imediatamente, em galés perpétuas, deixou-os em liberdade. Querem, brasileiramente, um estado policialesco.
    Muito mais espantoso, entretanto, é que no intenso noticiário sobre o assunto ninguém falou da preservação do local do suposto crime, mexido e remexido por curiosos e saqueadores, e nem de longe houve referência a exames periciais obrigatórios, em tais casos, que poderiam determinar a causa do sinistro e o sítio de origem se conduzidos de forma competente e honesta.
    Ao que tudo indica a confissão dos ladrões resolve tudo. Logo a confissão, a “rainha das provas” nos tempos da Inquisição, mas que nos dias do hoje, longe da certeza, só levanta dúvidas?



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