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LEMBRANDO DIVAL PITOMBO - 25 ANOS DEPOIS


Publicado em: 20/12/2014 - 04:12:07
Fonte: Raymundo Luiz


    Como imaginar o ano de 1915 em Feira de Santana? E sobre o mês de julho de um inverno, quem sabe, mais rigoroso ou não, o que pensar? Não importa. Possivelmente, a cidade pacata e tranquila recolhia-se nas noites frias com o vento assobiando entre árvores e passeando por cima dos telhados. E o verde era tanto mais que as obras dos homens que se podiam contar-lhes as moradas, cena tão diferente dos dias de hoje. Naquela ambiência, no dia 7, nascia Dival da Silva Pitombo, longe de horrores como o da Primeira Grande Guerra. Jovem, participaria normalmente do convívio daqueles de sua idade, e era já manifesto o seu pendor para degraus sempre mais elevados do intelecto e do espírito. Sua passagem e atuação no universo feirense estão registrados através de benfazejas realizações, imunes à ação do tempo, nos espaços educacionais e culturais.
    Diplomado em Odontologia, exerceu a profissão de dentista durante muitos anos. Enveredou pelo caminho do magistério e o das artes em geral, notadamente, da criação e da crítica literária, sendo, também, uma espécie de mecenas, nesta terra - condição reconhecida por figuras da sociedade feirense, incluindo escritores, artistas plásticos - alguns desses, hoje, pintores de renome nacional. Nos anos 40, no vigor de seus vinte e poucos anos, ingressa no setor educacional, à época da fundação do Colégio Santanópolis. Mais tarde, como Diretor do Instituto de Educação Gastão Guimarães, ou como Diretor do Museu Regional de Feira de Santana, ou como Diretor de Vida Universitária (DVU), ou como membro do Conselho de Cultura do Estado, Dival continuaria a realizar competente trabalho pautado na solidariedade/tolerância, na ética, buscando a valorização sempre do ser humano. O seu jeito de tratar as pessoas, de ouvi-las, de buscar solução para os problemas alheios era um definidor de sua personalidade, no trato familiar ou no espaço social. À frente da Diretoria de Vida Universitária, fervilharam momentos artístico-culturais indeléveis, no Campus da Uefs e noutros locais em que ele alcançasse a comunidade feirense (Participar de momentos como esses ao lado dele, como Assessor Cultural, foi gratificante).
    E quantas lembranças tomam corpo devagarinho – naqueles momentos artístico-musicais e de exposições de pintores no Campus da Uefs e na antiga Faculdade de Educação, que nutriam as necessidades da mente e da alma, contribuindo dessa maneira para a formação de um público apreciador das artes e incentivo para os artífices. Ah! As viagens à memorável cidade de Cachoeira, ao Parque Histórico Castro Alves, aos eventos culturais em Salvador e outras peregrinações. Os encontros na nossa casa, na de José Maria, na sua própria residência, onde a presença amável de Riso, a terna companheira, fortalecia a finesse do anfitrião. Aí, sim, quantas vezes o luar teimoso insistia em permanecer no fundo do quintal ou, de mansinho, deixava seu feixe de luz através da vidraça da janela. Nesses instantes, o silêncio das palavras oferecia espaço a Beethoven, a Debussy, a Chopin, a Bach... e o momento era de deuses  benevolentes, ninfas e  de anjos barrocos.
    Em 1984, sua obra Litania para o tempo e a esperança exibe a sensibilidade e o fazer poético do vate, como se pode ver nesses versos: “Os flamboyants estão floridos.” “Vinde olhar o céu / que há um jardim de fogo / plantado no azul.”
    Cinco anos depois do lançamento do seu livro, pela Editora Contemp, Dival nos deixa em 31 de julho de 1989, aos 74 anos. Passados, então, 25 anos. Consciente de seu tempo de anunciação e de concretude, agradecido, ele sai do palco terreno: “... graças, Senhor, / porque neste momento / tenho a perfeita consciência / de que valeu a pena viver.”



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