Os serviços que o atual sistema de transporte coletivo vem prestando à população desta cidade aos poucos se transformam, em doces mas eficientes instrumentos da oposição na tentativa de minar o prestígio de que desfruta, junto às classes populares, o prefeito José Ronaldo de Carvalho. As dificuldades encontradas pelas empresas dos coletivos à testa das quais está o congelamento das tarifas em choque com a elevação dos preços das utilidades unida à inflação que tudo vai devorando, dificultam as possibilidades de modernização da frota e da melhoria do serviço, essencial à vida da cidade, dando lugar a ocorrências dignas de manchetes como incêndios, sujeira e falta de manutenção de ônibus, que quase todo dia estão a testar a paciência do povo, dando armas e munição aos oposicionistas, que se aproveitam das falhas para acirrar o descontentamento e a quase sempre justa irritação popular.
Tão grave se tem mostrado o problema, que setores da oposição ultimamente trataram de mimá-lo, explorando-o ao extremo, usando-o como aríete ou bomba Molotov contra as portas da Prefeitura visando às futuras eleições municipais, para cuja disputa já têm nome na praça, pelo menos para o cargo de prefeito segundo festejado blog desta cidade, agindo de forma parecida com a do personagem de Emílio de Menezes, que atravancando porta de ministério: não entrava e não deixava entrar. Aqui, sem poder entrar, dificulta-se a vida de quem conseguiu, sem medir meios e consequências.
O prefeito Ronaldo, entretanto, não é precipitado ou neurótico, mas refletido estrategista. Político bem informado, pavimentou, desde cedo, no programa de governo que ofereceu à população, ainda na campanha eleitoral, o seu desejo de adotar o sistema BRT como única solução possível para os atuais problemas de mobilidade urbana desta cidade.
O sistema BRT (bus rapid transit) funciona em várias cidades no mundo, inclusive do Brasil, com aceitação geral do povo. O anúncio da data em que seria publicado o edital da concorrência pública para o início das obras, levou os atravancadores ao desespero, ameaçados de perder a única arma com que contavam para futura campanha política pela conquista do executivo municipal. Estado agudo de aflição assaltou determinados setores da oposição, que resolveram lançar mão de todos os recursos e expedientes do partidão, que anda por aí, disfarçado, mas facilmente reconhecível, como acontecia a Nero, quando caminhava nas ruas de Roma disfarçado de escravo. O fato é que tudo tem sido tentado para inviabilizar o BRT. A tarefa, entretanto, apesar da facilidade com que certas pessoas acreditam em boatos, mentiras e lendas, se tem mostrado mais difícil do que a de patrocinar invasões de reitorias e de promover passeatas de estudantes secundaristas para quebrar vidraças da Câmara Municipal. A campanha contra o BRT mostra-se, apesar de tudo, extremamente virulenta e audaciosa inclusive na tentativa de envolver órgãos públicos que aos olhos do povo ainda se mantêm respeitáveis.
Segundo a propaganda esquerdista, árvores da Av. Getúlio e imóveis, que nunca mereceram muitos cuidados e atenções vão desaparecer tragados pelo BRT, mostrado, por seus adversários, como monstro devorador de filme de ficção científica. A cidade, entretanto, não pode deixar de ter serviço de transporte moderno e eficiente, sob pena de regredir, perder vitalidade e voltar ao atraso e restrições de passado não muito distante.
Feira não se pode arriscar a perder a posição de liderança que conquistou no conjunto dos municípios brasileiros para satisfazer interesses de atravancadores. |