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NELSON, O CAVAQUINHO E O CAVALO


Publicado em: 24/10/2014 - 16:10:19
Fonte: Luís Pimentel


     “Fui o pior soldado da história da Polícia Militar do Rio de Janeiro!”, disse ele, certa vez. E não estava exagerando. Nelson Cavaquinho começou a vida como cavalariano no Batalhão de Cavalaria da PM, onde ficou sete anos. Metade em cima do cavalo, metade na prisão. Foi o mais assíduo hóspede do xadrez do quartel da Rua Evaristo da Veiga. Mas como para ele tudo tinha uma explicação, dos porres exagerados às vendas de sambas aos “comprousitores” de plantão, as prisões tinham lá suas vantagens:
     – Era bom pegar cana. Se não fosse o xadrez do batalhão, eu não teria feito muito samba de sucesso. Às vezes ficava um mês confinado. Então aproveitava a tranquilidade para compor.
     Nelson Antônio da Silva nasceu no Rio de Janeiro, na Rua Mariz e Barros, imediações da Praça da Bandeira, no dia 28 de outubro de 1911. Quando fez 18 anos sentou praça na PM e recebeu as rédeas de um cavalo. Tinha que fazer a ronda montado, apesar de morrer de medo do animal. No meio do caminho desistia da ronda e deixava o animal amarrado em uma cerca no pé do Buraco Quente, no Morro da Mangueira. Ali varava as noites com os amigos e depois parceiros Cartola, Carlos Cachaça e Zé Com Fome. Voltava para o quartel dias depois, sem o cavalo – que geralmente se soltava e ficava vagando e pastando pelas ruas. Aí, tome xadrez para aumentar a produção musical.
     Além dos bares da Mangueira, Nelson Cavaquinho foi frequentador assíduo dos botecos da Praça Tiradentes (e havia inúmeros em sua época). Em um deles, conhecido pelo simpaticíssimo nome de Cabaré dos Bandidos, passou noites memoráveis regadas a cerveja preta e criações musicais, ao lado do eterno parceiro Guilherme de Brito. Recatado e trabalhador, o pacato e elegante Guilherme era empregado na empresa de discos Casa Edson, de onde partia após o expediente para encontrar o parceiro. Depois que Guilherme se despedia (afinal de contas no dia seguinte tinha que trabalhar), Nelson prosseguia em sua ronda noturna que se expandia, invariavelmente, ao meretrício da zona do mangue, nas imediações da Praça Onze.
     Pouco antes de morrer ele estimou sua produção em algo em torno de 800 músicas, cerca de 400 gravadas, umas 100 inéditas e “pelo menos 300 vendidas, totalmente ou só a parceria”. Apesar dos números de sua obra, quando partiu, no dia 18 de fevereiro de 1986, vítima de enfisema pulmonar, deixou apenas uma minguada pensão do antigo INPS e uma casa da Cohab em Vila Esperança, lugarejo escondido no bairro carioca de Jardim América.
     Foi um dos maiores e eu sei que tudo mundo sabe. Mas não custa nada repetir.



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