menu
-Agenda Cultural
-Restaurantes
-Teatros
-Museus
-Comentários
-Fale conosco
-Política de Privacidade
-Utilidade Pública
-Links Feirense
-Artes Cênicas
-Artes Visuais
-Artesanato
-Bandas
-Literatura
-Músicos
ENTRETENIMENTO
-Cinema
-Arquivo de Eventos
-Festival Vozes da Terra
-Festival Gospel 2010
-Natal na Praça 2010
-Micareta 2011
-Últimos Eventos
-Radio Viva Feira
-TV Viva Feira
-Videos Viva Feira
COLUNISTAS
-Alberto Peixoto
-Emanoel Freitas
-Luís Pimentel
-Raymundo Luiz Lopes
-Sandro Penelú
 
 
 
O MUNDO DAS CONTRADIÇÕES


Publicado em: 28/03/2014 - 06:03:53
Fonte: Hugo Navarro - Folha do Norte


    Dizia o velho mas sempre respeitado Ruy Barbosa, que as contradições que vão do erro para a verdade e do mal para o bem não são contradições, mas reformas. Contradições, entretanto, para o bem e para o mal, são próprias da natureza humana. Há até quem defenda a contradição como direito. Outro escreveu que alimentando o medo de ter medo tornou-se medroso. E autor teatral,  perguntado sobre a performance de festejada atriz, famosa pela  beleza e mãos pequeninas, respondeu que por menores que sejam as mãos de mulher, mais dinheiro   podem caber.
    Tão ligadas estão as contradições aos atos humanos que até os ditos populares, filtrados em anos e anos de sabedoria do povo, podem ser contraditados, a exemplo da afirmação  de que “Deus ajuda a quem cedo madruga”, baseada em história de sujeito que madrugou e achou saco de dinheiro, ao que imediatamente replicaram  dizendo: mas, quem perdeu o saco, acordou antes. Na poesia popular nordestina contradição aparece como nos versos de Bernardo Cintra,  cantador de Campina Grande:  “Um homem houve no mundo/ Que sem ter culpa morreu/ Nasceu primeiro que o pai./ Sua mãe nunca nasceu,/ Sua avó esteve virgem/ Até que o neto morreu”.  O homem, segundo o pesquisador Leonardo Motta em “Violeiros do Norte”, é o Abel das Escrituras. A avó é a terra, de que Adão foi feito. Leonardo registra, ainda, estes versos de “ligeira” (uma forma de desafio entre cantadores) de Severino Perigo: “Já calcei uma botina/ C’os dedo p’r’o calcanhar”.  E registra pendência recolhida pelo cantador Luiz da Costa Pinheiro ocorrida em viagem ferroviária entre católico e protestante, em que o seguidor de Lutero diz: “Não pode ser santo o  pau/ Em que Cristo padeceu/ Isto é mentira de padre/ Ou do burro que a escreveu.../ A cruz não pode ser santa;/ Santo é quem nela morreu”.  O pesquisador da poesia nordestina recolheu, também, versos de “Cancão de Fogo” em poder do poeta Serrador, entre os quais os seguintes: “Pai e mãe é muito bom,/ Barriga cheia é melhor.../ A doença é coisa ruim/ Porém a morte é pior.../ O poder de Deus é grande,/ Porém o mato é maior”.  Em caso de crime “Deus é grande e o mato é maior”, Desembargador aposentado, velho professor de Direito Processual Penal da Faculdade de Direito da UFBa  andou repetindo, em aula, naturalmente por brincadeira, durante muito tempo. E ainda há a história de conhecido dramaturgo inglês que subiu ao palco fumando após a apresentação de peça, e declarou saber que fumar ali era ato reprovável.  No entanto, mais reprovável seria condená-lo por estar fumando.
    As contradições, nem sempre se restringem aos humanos. Invadem o divino segundo alguns que andam a apontar centenas, às vezes milhares de contradições na Bíblia, o que muito mais a aproxima dos homens do que da divindade.
    Contradições são próprias do homem, como o riso,  e podem ser motivo de espanto e objeto de brincadeiras e troça de poetas. Não há como admitir, entretanto, as contradições dos governos, principalmente se repetidas. É principio largamente aceito que duas proposições ou duas condutas, mutuamente contraditórias, não podem ser verdadeiras. Quando o Brasil retomou terras invadidas pelo Paraguai, no Mato Grosso, agiu coerentemente. O que está acontecendo, agora, quando a Rússia retoma o controle da península da Criméia, que em outros e longos tempos esteve sob seu domínio, provoca reações inócuas porque todo mundo sabe que não há, no fato, lesão a direito. Mas estão atingindo os limites do ridículo as operações de forças brasileiras para repetidas retomadas de partes do território nacional em poder não de potência estrangeiras, mas de quadrilhas de bandidos, quando tudo é uma questão de segurança e de polícia. A quem pertencem, afinal, os morros e subúrbios cariocas?



Apoio Cultural:



Viva Feira
© 2024 - Todos os direitos reservados - www.vivafeira.com.br