"MICARETA
2010"
"A GRAÇA E A DOÇURA DE UM POVO QUE AMA
UMA boa FESTA"
PREPARAÇÃO
Na quarta-feira (dia 14) parecia que as chuvas que alagavam
Feira de Santana iria estragar a festa, esperada e planejada
com o cuidado que a nossa maior manifestação
popular merece. Choveu torrencialmente, mas as poucas 17
atrações programados para a quarta-feira,
ocorreram mesmo sob chuva torrencial, mas com muita animação
daquele que participaram do evento. É certo que as
ruas não tiveram o público que normalmente
era esperado, até porque, o dia seguinte era de trabalho,
mas os trios e os blocos saíram lotados pelos foliões
que adquiriram os abadás e os micaretescos juramentados.
PRIMEIRO DIA
Surpreendentemente na quinta-feira (dia 15), na abertura
oficial da Micareta, o bom São Pedro (como diria
um sertanejo tradicional) abriu uma trégua, e a noite
foi estiada e, a coroação das majestades momescas.
Embora ainda houvesse expediente na sexta-feira, as ruas
tiveram um grande movimento e os mais de 20 trios e blocos
programados pela Secretaria de Esporte Cultura e Lazer,
fizeram a alegria dos foliões.
SEGUNDO DIA
No princípio da noite da sexta-feira (dia 16), já
com a cidade em absoluto clima micaretesco, iniciou uma
forte chuva com cara de tempestade, mas que diante da alegria
do feirenses, se mancou, e permitiu que os mais 25 trios
e blocos programados para aquele dia, desfilassem e animassem
o circuito Maneca Ferreira que já reunia milhares
de foliões integrados a festa em total clima da festa
tradicional e democrática que estamos acostumados
a acompanhas há mais de 70 anos (72 para ser mais
exato).
TERCEIRO DIA
No sábado (dia17) poderia até "chover
a cântaros", que nem mesmo uma tromba d'água
iria retirara das ruas os foliões que ocuparam todo
trajeto do circuito micaretesco, em clima de grande animação,
para verem e desfilarem com seus ídolos, que no sábado
já giravam em torno de 40 atrações.
Ressalte-se que estamos nos referindo apenas ao circuito
central da Micareta, uma vez que foram armados pelo menos
mais quatro ou cinco palcos fixos em bairros para alegrar
a parcela da população que não quis
ou não pode se deslocar para o circuito Maneca Ferreira.
QUARTO DIA e DESPEDIDA
No domingo (dia 18) com chuviscos espaços a avenida
lotou para despedir-se do maior carnaval fora de época
do Brasil, um público surpreendente compareceu à
avenida para acompanham os mais de 34 trios e blocos que
desfilaram no circuito micaretesco, no qual, alguns artistas
se destacaram pela novidades que apresentaram nos trios
como por exemplo Márcia Porto que convidou Giuliano
Ottaviano para pintar uma tela durante o trajeto do trio
na avenida ou Celiah Zaiin que contou também com
uma participação do luthier Eliel Nunes, que
apresentou uma guitarra em miniatura, única cópia
na Bahia igual a de Armandinho, para homenagear os 60 anos
de Trio Elétrico e, da criação da Guitarra
Baiana, e, mais uma série de atrações
criadas pelo puro talento dos artistas feirenses, proporcionando
um encerramento que nos conduz a contar os dias para o Micareta
de 2011.
-
A ORGANIZAÇÃO
Sob a batuta do próprio Prefeito Tarcísio
Pimenta, que tem o maior carinho pelo Micareta, como já
demonstrou no ano anterior, o Secretário Euclides
Artur e o Diretor de Eventos Naron Vasconcelos, esmeram-se
em realizarem uma Micareta memorável, desde o primeiro
momento. houve sem dúvida a preocupação
de que a avenida não ficasse sem um trio, e isto
realmente ocorreu, nos quatro dias oficiais foram mais de
120 atrações desfilando no circuito Maneca
Ferreira e, prestigiando um grande número de artistas
locais, é certo que sentimos falta de alguns nomes
consagrados como Paulo Costa ou Zé Araújo,
mas com certeza essa falha será observada em outros
anos. Fato é que podemos até afirmar que houve
engarrafamento de trios por conta dos grandes blocos que
por vezes se estendiam mais nas parada do que o devido,
mas nunca que tenha faltado trios animando a avenida. A
diversidade de estilos também foi contemplada, vimos
na avenida, o axé, reggae, o rock, o samba, o pagode,
o frevo, o samba de roda (momento memorável desta
micareta com o Quixabeira da Matinha puxando o folião
pipoca) e todos os demais estilos de origem afro foram prestigiados,
no Quilombola, como por exemplo o excelente Pomba de Malê.
O CIRCUITO MANECA FERREIRA
A avenida foi organizada com a ocupação de
camarotes e barracas de modo que os acessos ficassem sob
o controle da fiscalização da organização
do evento o que proporcionou uma segurança bem maior
do que nos anos anteriores. Os sanitários públicos
também tiveram um distribuição mais
racional de modo a atender os foliões em quase todos
os pontos do circuito. O Camarote dos cadeirantes foi colocado
em um ponto estratégico no cruzamento com a Av. Maria
Quitéria que permitiu um acesso fácil às
pessoas que necessitavam deste benefício para participarem
do evento. A infra estrutura de organização
(Camarotes) das Secretarias envolvidas na organização
da Micareta, além de bem aparelhadas para atender
os profissionais que prestavam serviços durante a
festa, também foram instaladas em ponto estratégico,
que facilitava o acesso, assim como, o acompanhamento do
que ocorria no circuito. Vale elogiar inclusive o Camarote
da Secretaria de Comunicação Social que além
de confortável, continha todo material de apoio para
os profissionais de imprensa.
O POLICIAMENTO
O policiamento do circuito da festa foi realizado, pela
Polícia Militar, Civil, Municipal e pela PE, de modo
que os donos do alheio e os confuseiros de plantão
não tiveram muita chance nesta micareta, a ação
era rápida e eficiente. Haverá sempre quem
acuse as polícias de excesso de violência,
mas na verdade houve uma ação eficiente e
proporcional ao risco, para proteger os foliões e,
neste confronto, é comum a polêmica em relação
a ação que os policiais devam ter, mas efetivamente
foi uma festa como muito poucas brigas, que logo eram apaziguada
pela intervenção da segurança local.
As corporações que realizaram a segurança
do evento merecem o elogio da população.
A LIMPEZA
Outro item da maior importância na organização
da festa, foi sem dúvida a limpeza do circuito e
dos camarotes de uso comum, ponto quase sempre passível
de crítica em eventos deste porte, mas que no Micareta
2010, funcionou com presteza, apesar do agravante proporcionado
pelas chuvas espaças mais presentes. Mal passava
o último trio ou bloco o batalhão da limpeza
iniciava seu trabalho com objetivo de entregar no dia seguinte
a avenida limpa para os foliões. A quantidade de
lixo recolhido nos quatro dias, deve totalizar algumas toneladas,
pois em geral o baiano ainda não aprendeu a usar
as lixeiras, obrigando ao poder público ter que montar
um plano mais eficiente e com maior custo do que normalmente
seria se fôssemos um pouco mais educados. Bom, essa
ressalva serve para demonstrar que nem tudo é perfeito.
-
AS ATRAÇÕES NACIONAIS E OS ARTISTAS DA TERRA
É evidente que um dos grandes atrativos dos Micaretas
do interior, é a presença de grandes nomes
da música baiana e brasileira, e que a organização
do Micareta 2010 providenciou para realização
do evento, no entanto este ano, acreditamos que tivemos
o maior número, até hoje, de artistas da terra
animando a festa. Essa iniciativa da Secretaria de Esporte
Cultura e Lazer e Prefeitura Municipal, impôs aos
nosso artistas a responsabilidade de apresentarem o melhor
trabalho possível e isso realmente ocorreu, fatos
que destacamos alguns excelentes trabalhos levados para
avenida:
"OUTROS
BAIANOS" MOSTRAM NA AVENIDA O QUE JÁ SABÍAMOS
Na sexta-feira de Micareta, o Grupo "Outros Baianos"
mostrou no circuito Maneca Ferreira, o trabalho que vêm
desenvolvendo com a maior competência e, que já
tinham apresentado no Teatro do CUCA, com aprovação
unânime da platéia. Na avenida não poderia
ser diferente, uma vez que o repertório foi escolhido
de forma diversificada e com muito bom gosto, valorizando
o que há de melhor na música carnavalesca
baiana. Se por um lado, é bom vermos um trabalho
maravilhoso como o apresentado pelos "Outros Baianos"
sendo levado ao grande público, por outro lado, lamentamos
que essa possibilidade seja de uma vez por ano, pois o que
Janno, Marryeth e Tanny Brasil vem nos presenteado, mereceria
muitas oportunidades como a oferecida na Micareta. De qualquer
modo devemos procurar acompanha o trabalho do Trio pois
é de primeiríssima qualidade.
O
"TRIO DA CIDADE" preparou um canto afro em língua
nagô para saudar a África na avenida
CELIAH ZAIIN E SEUS CONVIDADOS PAULA SANFFER, MARCUS SENA,ZACK
TENOR E KELLY VENTURA, prepararam um canto afro em língua
nagô para saudar a África na avenida, em uma
apresentação, que pela elaboração
cuidadosa, deve ficar na memórias dos foliões
mais atentos. E Celiah e seu grupo de convidados, não
vão apenas realizarem uma mera apresentação
em um trio elétrico, na verdade estão oferecendo
ao público feirense um verdadeiro show sobre rodas,
não apenas pelo talento dos artistas que se apresentam,
mas também pela concepção do trabalho
apresentado sobre o trio, onde contou também com
uma participação do luthier Eliel Nunes, que
tem uma guitarra em miniatura, única cópia
na Bahia igual a de Armandinho, para homenagear os 60 anos
de Trio Elétrico e, da criação da Guitarra
Baiana. Também os jornalista e a Copa do Mundo são
mencionados nas homenagens do Trio da Cidade, que com este
novo formato, dinâmico, promete muitas surpresas aos
feirenses.
A
"TRILOGIA DO REGGAE" BRILHA TAMBÉM NO MICARETA
FEIRENSE
O trio formado por três dos reggaemen mais importantes
de Feira de Santana, DIONORINA, GILSAN e JORGE DE ANGÉLICA,
que brilharam no carnaval soteropolitano, também
prestigiaram a Micareta da terra natal dos artistas e berço
de suas músicas. Com o trio cercado pelos fiéis
seguidores da nação regueira de Feira, o Trio
atravessou a avenida apresentado além das canções
próprias dos três ícones que compõe
a Trilogia, músicas de outros compositores brasileiros
como Gilberto Gil, e dos papas do reggae jamaicano, que
eles conhecem profundamente.
"MÁRCIA
PORTO" MOSTRA A ARTE DE "GIULIANO OTTAVIANO"
PARA AVENIDA
A cantora Márcia Porto que alguns já a vêm
como uma das divas da música popular de Feira de
Santana, surpreendeu os foliões da avenida micaretesca
ao apresentar sobre o seu trio, o artista plástico
italiano, que esta expondo na Galeria Carlo Barbosa, que
realizou uma pintura em uma tela enquanto Márcia
cantava para animar a platéia, feito inédito
na Micareta Feirense que acreditamos seja inédito
também em outros carnavais. Para nós que conhecemos
o dinamismo da artista feirense, esse é apenas mais
um brinde do seu bom gosto para com o povo de sua terra.
-
BLOCOS QUE TAMBÉM MERECEM DESTAQUES
É comum à maioria do blocos contratarem grandes
atrações de âmbito estadual ou nacional
para possibilitar a venda dos abadás, o que não
exige grande criatividade, ou seja, não se impõe
como bloco mas como mera atração. Por outro
lado, existem blocos que se impõe pela tradição
e pela criatividade, destes selecionamos alguns para mencionar:
"BACALHAU
NA VARA" E A ALEGRIA DE SEMPRE
Desfilou na avenida neste sábado, 17, o tradicional
Bloco "Bacalhau na Vara", que é promovido
e manutenido pelo Centenário Jornal "A Folha
do Norte", ou seja a família Navarro, Lícia,
Álvaro, irmãos primos, todos sob o olhar atento
do Patriarca Hugo, que se já não participa
tanto do das atividades festivas da família, dá
a força possível para que este oásis
carnavalesco continue acontecendo em Feira e, nos permita
lembrar dos antigos Blocos que enchiam as ruas de Feira.
O bacalhau segue a linha da tradição dos antigos
Blocos e tem um número de adeptos bastante numeroso
e "graças ao bom Deus", muitos jovens,
garantindo que a diversidade musical e o encontro entre
o novo e antigo vai continuar acontecendo para o enriquecimento
cultural de Feira de Santana.
"LÁ
VEM ELAS" AZAR DE QUEM NÃO SE DIVERTIU
O já tradicional e popular Bloco " Lá
vem elas", não enche apenas a avenida de alegria,
enche toda a cidade. Este ano o Bloco saiu com aproximadamente
4.000 (quatro mil) figurantes, a fantasia que inicialmente
custava R$ 70,00, no último dia chegou a ser negociada
a R$ 200,00, e, não deu para quem quis. A saída
dos adeptos do bom humor andrógino de seus bairros,
já é uma festa completa, já movimenta
a cidade, as pessoas saem às portas e às janelas
para verem os fantasiados passarem, debochando de todos
que vão encontrado pelo caminho, e quem não
for ligeiro leva até beijinho de barbados (hehehe!!!!),
na avenida é só alegria e descontração.
Este ano vestidos de "Chapeuzinho" não
paravam de cantar "vou te comer, vou te comer!!"
que a bem da verdade é fala do Lobo Mau e não
da Chapeuzinho, mas neste caso, vale tudo e quem não
se divertiu, azar!!!
OS
"FILHOS DE GHANDI" ILUMINOU E PERFUMOU A AVENIDA
Com a tradicional roupa branca e emenando a energia de sempre,
que expressa a paz do inspirador do bloco e armados de alfazema,
os "Filhos de Ghandi" cruzaram o circuito Maneca
Ferreira, encantando os foliões com o tradicional
reggae, mais baiano do que jamaicano, proporcionando a assistência
uma visão de pura beleza. O bloco "Filhos de
Ghandi" tem ganho adeptos ano a ano, prometendo tornar-se
cada vez mais forte e presente no Micareta feirense.
O
"QUILOMBO" E O BOM REGGAE DA BANDA "MONTE
ZION"
O "Quilombo" é outro destes blocos que
merecem destaques por respeitar a tradição
e suas origens. É um bloco da comunidade negra (mas
não usam de radicalismos discriminatórios)
com a opção de cantarem o reggae na avenida,
e este ano trouxeram para alegrar o desfile, a Banda "Monte
Zion", com seu excelente trabalho que já se
firmou na comunidade regueira de Feira de Santana.
- "FESTA DEMOCRÁTICA DE
UM POVO CHEIO DE GRAÇA"
A
diversidade cultural que vemos ocupar a avenida em uma festa
que reúne milhares de pessoas de todas as classe
sociais, gêneros, credos e raças, em um país
típico pelas suas diferenças, é a maior
lição de democracia social que um ser humano
pode ter. Se o Brasil impressiona os estrangeiros que aqui
nos visitam, sem dúvida essa é esta razão,
a união pacífica de nossas diferenças.
A alegria estampada na maioria dos foliões, é
capaz de encantar qualquer um que passe na avenida, as negras
dançam rock e as caucasianas dançam o reggae
com o mesmo afinco de fazer o melhor um e outro. O rico
se diverte nos blocos e nos camarotes vips e, o pobre no
trio pipoca ou nas barracas instaladas ao longo da avenida,
mas o fato é um, e insofismável: todos se
divertem. O folião solitário, que não
quer companhia, ou a menina de pouca roupa (em razão
da pobreza ou do calor) que dança só, ou com
uma amiga, que embora assediada, não dá bola
para assédio, porque o que ela quer mesmo é
sambar é soltar a alma, e é gentil quando
o fotógrafo registra o momento, pois lhe eterniza
aquela felicidade que não tem como ser mensurado,
pode ser apenas sentida.
O Micareta, esse carnaval fora de época inventado
por João Bojô ou por Maneca Ferreira, é
uma festa democrática como devem ser os carnavais,
pois une as diferenças e revela os sentimentos de
um povo, cria a possibilidade de entendermos melhor uns
aos outros o resto do ano, pois na avenida terminamos todos
em pé de igualdade, escravos de uma alegria que não
podemos explicar, mas que é bom senti-la.